quinta-feira, 23 de abril de 2015

O meu nocaute

Tenho ficado inquieta pra escrever sobre nós dois. É assim que você me deixa toda vez que fala comigo, toda vez que chega sem avisar, toda vez que você demonstra alguma fração daquilo que eu sei que existe aí dentro, em algum lugar. Pode ser que nossa história não se prolongue por muito tempo, ou continue sendo essas pequenas migalhas, mas sei que foi real e ainda pode ser, se um dia, a vida sorrir pra gente. Sei lá se o que eu sinto é amor. Mas depois de quatro anos, desistir seria covardia. Mesmo que passem outras pessoas em nossas vidas, a gente volta a se encontrar, como um karma: vai e volta. Somos uma das poucas exceções que me convencem sobre essa atração de opostos. Eu gosto de você do fundo do meu coração. Ele palpita de amor, de ciúmes, de nervoso, de ansiedade. Aquelas borboletas no estômago... Elas existem. Perto de você, fico me sentindo uma criança fazendo amizades. Tímida, às vezes impulsiva, tentando agradar, e ao mesmo tempo, querendo mostrar qualidades. Longe de você, idealizo nós dois em todas as músicas que envolvem encontros, desencontros e finais felizes. É mais forte do que eu. Embora minha fé em qualquer futuro seja pouca, é bom pensar na gente: feito bicho do mato, como você diz. A gente discute, e eu até me divirto nesses joguinhos que não chegam a lugar nenhum. A gente combina no nosso humor ácido, no nosso afeto acanhado. Eu sou fogo, você gelo. Você é não, eu sou (mil vezes) sim. Você vem, e eu tento fugir. Tento, querendo ficar pra sempre. Tendo, pra ver se você fica sem eu pedir, pra ver se você insiste e me faz acreditar que ganhei o jogo. Se a vida não quiser que isso perpetue, eu aceito. Só peço uma despedida: eu e você, sozinhos, na rampa, vendo o sol partir, e um ao outro, também.