domingo, 30 de agosto de 2015

once upon a dream

Esperei muitos anos por esse momento. Eu sabia que entrar na faculdade e me fixar em um lugar seriam motivos suficientes para me transformar por dentro. Criar raízes me permite fazer planos, recomeçar. Me permite sonhar tranquila. Sempre fui dessas que tem dificuldade de aceitar que certas coisas não vão mais dar certo; fechava os olhos pra realidade e me apegava naquilo que me convinha, porque na minha imaginação eu sempre acabava num final feliz apesar dos pesares. Mas basta ser um pouco sensato pra saber que não é assim que a vida (e os relacionamentos funcionam). Então, eu, sem rumo e sem expectativas, reciclava esses sentimentos compulsivamente. Minha vida não acontecia. E isso meio que corrói, sem a gente sequer dar conta. 

Foi aí que eu passei no vestibular, e meu horizonte abriu. É como se estivesse escuro e o sol nascesse, num espetáculo digno de aplausos. 
Venho conhecendo pessoas que já quero levar pra toda vida. Quero me empenhar pra alimentar essa amizade de sentimentos bons. Rir até a barriga doer... Acredito que esse seja um bom sinal pra algo verdadeiro e saudável que estamos criando. 
E tem a melhor parte: quando aparece alguém inesperado. Uma dessas surpresas de quando o universo está a seu favor. Ele é ying e eu yang, e ainda assim tenho impressão de que isso vai dar certo. Ele é tímido, tem aquele olhar calmo, uma covinha do lado direito que me faz rir sozinha. Ele é gentil, é carinhoso, e é tão alto que me faz sentir protegida. O beijo dele me faz querer de novo, e outra vez, e mais um pouco... Não sei aonde isso vai chegar, mas queria muito descobrir, e explorar essa mistura que seria nós dois. A gente mal se conhece e já planejo nossas viagens. Podemos ir a praia, estender a canga e ficar lá até a areia ficar fria e o sol se pôr. Essas coisas simples e clichês que todo mundo sonha. Não idealizar nada é quase inevitável. 
Nesses próximo 6 anos, prometo escrever cartas, prometo dizer o que sinto e prometo, acima de tudo, me permitir ser feliz e lutar por isso. 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O meu nocaute

Tenho ficado inquieta pra escrever sobre nós dois. É assim que você me deixa toda vez que fala comigo, toda vez que chega sem avisar, toda vez que você demonstra alguma fração daquilo que eu sei que existe aí dentro, em algum lugar. Pode ser que nossa história não se prolongue por muito tempo, ou continue sendo essas pequenas migalhas, mas sei que foi real e ainda pode ser, se um dia, a vida sorrir pra gente. Sei lá se o que eu sinto é amor. Mas depois de quatro anos, desistir seria covardia. Mesmo que passem outras pessoas em nossas vidas, a gente volta a se encontrar, como um karma: vai e volta. Somos uma das poucas exceções que me convencem sobre essa atração de opostos. Eu gosto de você do fundo do meu coração. Ele palpita de amor, de ciúmes, de nervoso, de ansiedade. Aquelas borboletas no estômago... Elas existem. Perto de você, fico me sentindo uma criança fazendo amizades. Tímida, às vezes impulsiva, tentando agradar, e ao mesmo tempo, querendo mostrar qualidades. Longe de você, idealizo nós dois em todas as músicas que envolvem encontros, desencontros e finais felizes. É mais forte do que eu. Embora minha fé em qualquer futuro seja pouca, é bom pensar na gente: feito bicho do mato, como você diz. A gente discute, e eu até me divirto nesses joguinhos que não chegam a lugar nenhum. A gente combina no nosso humor ácido, no nosso afeto acanhado. Eu sou fogo, você gelo. Você é não, eu sou (mil vezes) sim. Você vem, e eu tento fugir. Tento, querendo ficar pra sempre. Tendo, pra ver se você fica sem eu pedir, pra ver se você insiste e me faz acreditar que ganhei o jogo. Se a vida não quiser que isso perpetue, eu aceito. Só peço uma despedida: eu e você, sozinhos, na rampa, vendo o sol partir, e um ao outro, também. 

segunda-feira, 30 de março de 2015

Dia a dia

Sete e meia
Rua cheia 
Lutando pra alcançar
Em conflito se vale continuar
Tantos querendo voltar a sonhar
Sete e meia 
Rua cheia
Olhares vagos
Pensamentos aprisionados
Sonhos abandonados 
A labuta diária não deixa voar 
Faz adiar a vida 
Faz amargurar acordar 
Sete e meia

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Sobre sei la o que

É comum idealizar um amor. Me pego fazendo isso o tempo todo, tenho roteiro pra muitas histórias, sejam elas inéditas ou melhorias de edições anteriores. Confesso que dou continuação pra muitas delas que já tiveram o fim decretado, porque na minha imaginação, eu dito as regras. 
Algo me diz que estou vivendo a fase final de um ciclo, e por isso muitas coisas deixam de acontecer para que outras possam se concretizar. E assim o amor torna-se um mero coadjuvante nos meus dias. Embora eu esteja ciente de que isso não vá mudar por agora, persisto sonhando e acreditando que algo muito bom está por vir. 
Se 2015 me permitir, peço que o universo venha me surpreender com alguém que me tire da zona de conforto na qual eu me encontro. Alguém que tire o meu fôlego por alguns segundos e mesmo assim me faça sentir mais viva do que nunca. Alguém que seja clichê sem ser piegas e que traga um pouco de cor e emoção para os meus dias. Não precisa cair no meu colo; até acho que o desafio deixa as coisas mais interessantes. Mas que seja verdadeiro enquanto dure, e mesmo depois que acabar, me arranque alguns sorrisos antes de dormir, porque é assim que se percebe quando algo valeu ou não a pena. 
Viver sozinha as vezes é bom, e até saudável pra se descobrir e se encontrar... Vejo muitas pessoas sendo oprimidas pelos relacionamentos que cultivam. Confundir egoísmo, apego e a simples carência com amor está tão comum que pode ser considerado epidêmico. Mas o Ele é livre pra ir e também pra ficar. 
Espero que esse ano me traga algo além daquilo que encontro nos meus roteiros. Falo tanto de amor, e sou muito fiel a ele, mas talvez não esteja pronta pra tamanha grandiosidade. Por isso, aceito os termos e condições pra uma paixão, uma insanidade socialmente aceitável. Parece que cairia bem agora. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sobre a vontade de mergulhar



A liberdade e a prisão estão separadas por uma linha tênue. 
Em 2015, ainda vejo que o mundo em minha volta é tão opressivo quanto hipócrita. Ele oprime quem nós realmente somos ou queremos ser. A vontade de extravasar e mergulhar fundo em alguma vontade, desejo, é censurada pela consciência incorporada de fora pra dentro. Cuidadosamente ditada. Vulnerável aos julgamentos mais brutais... Assim aprendemos a lidar com nossas ações, a partir do medo, do receio, construímos muros, adiamos planos, abrimos mão da felicidade. Tudo em troca de um plano de carreira socialmente "vistoso". Como reza a lenda "faça o que falo, não faça o que faço".  
Viver extrapola regras e convenções.  Significa simplesmente decidir, e partir. É se entregar sem hesitar; errar, reconhecer e seguir em frente sem vergonha. É mudar de ideia e persistir: acreditar na sorte, na intuição. Intuição essa que vem perdendo a sensibilidade a cada ano que passa, porque somos obrigados a nos alinhar, a planejar, a nos programar. Dizem que o tempo não para, e por isso, temos que correr para alcança-lo. E nessa busca, só encontramos o erro quando nosso prazo está perto do fim, ou quando nossas ações se tornam irrevogáveis. Por isso, que realmente precisamos, é parar de olhar para o relógio e sentir o que o mundo tem a nos oferecer de novo. Desvendar. 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Sobre expectativas



A gente nasce inconscientemente egoísta. Em algumas casos, isso só fica claro quando nos apaixonamos. A necessidade que o amor do outro corresponda e seja equivalente ao seu, traz à tona este lado. 
É realmente difícil compreender como o mundo se transforma a cada vez que gira. As pessoas são assim também, por pior que isso seja em algumas situações. Desse jeito, nasceu o amor não correspondido, e tantos filmes de sucesso, que te fazem sair chorando do cinema. 
Me pergunto se o que está tão vivo dentro de mim, ainda pulsa em alguma parte dele. Será que ele sentiria alguma coisa se lesse aquele texto que escrevi dizendo o quanto nós éramos perfeitos juntos e nascemos um para o outro? Talvez ele tenha guardado essa opinião em algum lugar bem escondido e tenha esquecido por lá... 
Foi tudo tão intenso, que depois de 2 anos minha mente continua fazendo retrospectivas, e quase sem querer, começo a pensar numa continuação pra nossa história que muito provavelmente nunca aconteça.
Porque ele me permitiu voar tão alto? E agora, cair. 
Quando ele disse "talvez não seja nessa vida, ainda..." Eu pensei que nós poderíamos contrariar a letra da música e fazer acontecer ainda nessa, e quem sabe continuar nas outras...
Disso é feito a maioria das histórias que conheci nas minhas quase 20 primaveras: desencontros. Somos egoístas porque exigimos reciprocidade. Porque simplesmente não entendemos o por quê de um outro alguém não querer ser personagem de um plano nosso.
 E, embora as cenas anteriores não possam ser deletadas, o roteiro pode ser alterado por justa causa. Porque todo mundo merece um amor correspondido, com gosto de fruta mordida, e todos os outros clichês.  


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ode à liberdade


Eu, assim como tantas outras pessoas, sou movida por amor. Sempre acreditei que esse amor tinha que vir de um outro alguém e cair no meu colo, mas graças à maturidade e ao autoconhecimento, que esse ano, em especial, me vieram em abundância, venho descobrindo outras formas de amor, o amor à vida.
Crescer vendo princesas e filmes com finais felizes fazem uma lavagem cerebral na gente, e ficamos idealizando coisas que devem SIM acontecer, mas não agora. Descobri-me em uma fase que não lembro já ter experimentado antes, e tenho gostado...  Muito! Não ter ninguém em mente deixa um espaço imenso dentro de mim, tão imenso que fico leve. O melhor sentimento é poder escolher não escolher ninguém além de mim mesma, das minhas amigas, da minha família: pessoas que me completam de diferentes formas e me fazem experimentar vários tipos de amor.

Um dia, quem sabe, vai aparecer alguém, e meu coração vai dar um sinal. Eu vou saber. Até lá, quero viver sem me afogar em expectativas, sair sem rumo, e ser guiada pelo acaso. Quero me perder e me encontrar várias vezes, e em todas elas, descobrir algo novo sobre essa coisa mágica, surpreendente e intensa que é a vida. Quero explorar novos lugares, novos desafios e novos olhares, até que um dia, quem sabe, quem sabe, meu olhar seja hipnotizado por um outro olhar, e aí, eu tenha a liberdade de escolher me prender, quem sabe, pra sempre.